Escrevo esse post do nosso apartamento na rua Dr. Mário
Totta 506, apto 510. Tomada de tristeza, tal qual se chama esse bairro onde
fomos tão felizes. Onde vivemos emoções tão intensas. O primeiro dia de aula do
Vicente no Creare, as primeiras apresentações de dia das mães e dias dos pais,
a paixão pelos carrinhos, depois substituída pela paixão pelo futebol. Aí a
chegada da Martina. Lembro do momento em que chegamos aqui com ela. A alegria
do Vicente em vê-la. Nos esperavam a mãe, o pai e a Rosa. Primeiros passos,
primeiras palavras. O "bubu novo" que lutávamos para que fosse usado
só para dormir. E no meio de tanta alegria, alguns sustos, como as três vezes
que o Vicente cortou a cabeça em quedas aqui dentro. O Vi aprendeu a nadar, fez
amigos e descobriu-se circulando sozinho pelo condomínio sem que nem
percebemos. Até fez o papel de psicólogo, me acalmando quando fiquei presa no
elevador. E se manteve calmo quando aconteceu com ele, a Martina e o Fábio.
Embora tenha me confidenciado que teve medo quando chegou a vez do pai pular
pela fresta que tiveram que passar. Os momentos tristes também tiveram seu
lugar. Foi aqui, enquanto brincava na pracinha com o Vi, que o Fábio recebeu a
notícia da morte do nosso querido Erlei. Amigo de uma vida. Sempre demonstrou o
amor que tinha pelo Fábio, que se estendeu a mim e às crianças. Aqui o Vicente
contraiu meningite viral, o que o impossibilitou de aproveitar sua festinha de
6 anos. Muito bem aproveitada pela Martina, que comemorou os seus 2 aninhos. E
foi aqui que recebemos no dia 24 de dezembro de 2011, a ligação do Maurício.
Atendi feliz pois o Vicente estava em casa e sem dores. A meningite estava
passando. Mas de lá vieram notícias tristes. Naquela manhã, a mãe tinha tido um
AVC. Foi olhando pela janela do nosso quarto que eu chamei o Fábio e abraçada
por ele, chorei. A mãe morreria dois dias depois, nos deixando, a todos, sem
chão. Como seguir sem ela então? Aprendemos. À forceps. Ainda choro de saudade.
Ainda sinto falta das ligações frequentes e tarde da noite como ela fazia, para
saber das crianças e me contar sobre ela, o pai e a turma de Itapema. Sinto
falta de ligar para saber o que fazer quando ficavam doentes os pequenos. Eu já
sabia o que fazer, mas ligava mesmo assim para ouvir dela, para que soubesse o
quanto eu ainda precisava, embora crescida e com filhos. Seguimos a vida
tateando e descobrindo. Tem dado certo, embora muitas vezes eu me pergunte o
que ela acharia dessa ou daquela decisão. O Vi entrou no primeiro ano e a
Martina no maternal. Nova escola para os dois, o João XXIII os acolheu e
encantou. Os desafios vieram um a um e eles foram superando. Chegou a vez da
Martina abandonar as fraldas e o "bubu novo". Trocaram as babás, as
professoras e até os "melhores amigos". Tudo alicerçado na rocha,
como nos disse o padre André no nosso casamento. E com a bênção de Deus e o
amor que sentimos um pelo outro, nossa família continuará feliz e sempre unida.
Nossa casa não será mais nessa rocha, mas em outra. E nela nossa vida
continuará cheia de alegrias, surpresas, gente amada, boa energia e algumas
tristezas, porque fazem parte, mas torço para que sejam pequenas e breves. As
gargalhadas serão muito mais presentes. Amei tudo o que vivi até aqui, tudo o
que vivi aqui. Meu coração sai partido desse apartamento, com uma saudade
antecipada. Mas também sai com fé na escolha que fizemos e no futuro que
construiremos juntos.
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